quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Nhoque da sorte
Com o ano chegando ao fim, cresce a busca por simpatias para atrair sorte, amor e dinheiro para o próximo ano. Sorte e amor eu não sei...Mas se o caso for dinheiro, que tal preparar hoje, dia 29 o Nhoque da Sorte? Esta é uma simpatia para ser feita no dia 29 de cada mês. Entâo, por que não começar hoje?
A simpatia é simples: coloca-se uma nota de qualquer valor sob o prato com nhoque. Pode ser dólar, real ou qualquer moeda estrangeira. Em seguida fique de pé e concentre-se para iniciar o ritual. No prato, separe sete nhoques e coma um a um. Para cada nhoque, faça um pedido diferente. Depois, sente-se e saboreie o restante do prato, de preferência com um bom vinho italiano. O dinheiro colocado sob o prato deve ficar guardado até o próximo dia 29, para garantir a fartura. Outros dizem que deve ser dado a alguém que necessite ou usado quando for feita nova simpatia.
Os adeptos do nhoque da sorte informam que ele surgiu na Itália, terra natal do prato; os incrédulos afirmam que nasceu na América do Sul, como estratégia de restaurantes que precisavam aumentar a clientela. A origem do costume é explicada com uma lenda que possui variações. A mais freqüente conta que um frade andarilho chegou a uma pequena localidade italiana e bateu à porta de um casal de velhinhos, num dia 29. Pediu um prato de comida e recebeu o único alimento que havia: nhoque. Tempos depois, voltou ao local e contou aos velhinhos que, após comer aquele prato, sua vida mudara para melhor.
O simpático costume de comer nhoque no dia 29 poder ser recente, mas a história do prato é bastante antiga. Foi certamente o primeiro tipo de massa caseira - apesar do renomado gastrônomo Pellegrino Artusi, autor do clássico italiano A Ciência na Cozinha e a Arte de Comer Bem, publicado em 1891, não o enquadrar nessa categoria. O espaguete, o ravióli e companhia são posteriores. Supõe-se que o nhoque exista desde os antigos gregos e romanos.
Na Itália, chamaram-no primeiramente de macarrão. Na Idade Média, porém, já era conhecido com o nome atual. Em português, escreve-se nhoque. Fica parecendo vocábulo de ascendência tupi-guarani. Em italiano, grafa-se "gnocchi". O sociólogo paulista Gabriel Bolaffi, no livro A Saga da Comida, lançado em 2000, diz significar "algo como pelota, isto é, uma pelotinha de farinha amassada com água".
Mudando conforme os ingredientes da massa e do molho, o nhoque começou a ser elaborado com várias farinhas, sobretudo de trigo, arroz e inclusive com miolo de pão. Misturadas com água, temperadas com sal e cozidas na água, propiciaram alimentos substanciosos. Anos depois, a massa foi enriquecida com espinafre, queijo, castanha, carne ou peixe. Após a introdução do milho na Itália, em meados do século 16, surgiu o nhoque de polenta. Mas foi a chegada da batata, entre os séculos 16 e 17, que mudou a história do prato.
Tornou-se seu ingrediente supremo, embora continuem prestigiados os nhoques de farinha de trigo e semolina. Os sicilianos criaram uma receita exemplar. Seu nhoque mais famoso usa farinha de trigo, ricota de ovelha; no molho, uva passa, manjericão fresco e "pinoli". A receita dos romanos leva semolina, cozinha no leite e vai ao forno com queijo parmesão.
No passado, o nhoque era uma preparação característica das cozinhas do norte e centro da Itália. Hoje, caiu em domínio nacional. Venceu até a resistência dos napolitanos, adeptos irredutíveis do espaguete e outras massas de fio longo. Alastrou-se aos países vizinhos. Na Alemanha existe um prato assemelhado. É o "spätzle", que acompanha caça ou carne assada. Também é preparado gratinado e servido em sopas. A Hungria repete a receita, mudando o nome para "galuska", que se harmoniza com o "goulash", um ensopado de carne conhecido desde o século 9.º. Ambos são feitos com farinha de trigo.
Em qualquer receita, a massa também comporta recheios. O ingrediente mais comum é o queijo. Na região italiana do Friuli, coloca-se uma ameixa dentro do nhoque gigante de batata. Essa curiosa combinação é atribuída à influência da vizinha Áustria. Elaborações cortadas em fragmentos arredondados, frutos secos como a noz, amêndoa, castanha e avelã, sementes de frutas frescas como a romã, o bago da uva, cereais como a lentilha, alimentam o corpo e espírito em diversas culturas. Não por acaso são comidas de bom augúrio na passagem do ano.
Mas voltando à simpatia... Muitos acreditam na simpatia do nhoque da fortuna, que, a cada mês tem mais simpatizantes, seja pela esperança ou pela oportunidade de partilhar com amigos este momento de ilusão.
Que tal entrar na onda e preparar a saborosa receita abaixo? Foi com ela que a Chef Alessandra Rangel ganhou o concurso Terra de Minas.
Nhoque de Abóbora ao Molho de Linguiça Caipira Flambada na Cachaça
Ingredientes da massa:
300g de abóbora moranga
300g de batata asterix
1 ovo
1 colher (sopa) de manteiga
Sal e pimenta do reino quanto baste
300g de farinha de trigo aproximadamente
Ingredientes do molho:
500g de linguiça de lombo picada
300g de tomate pelatti
1 dente de alho picado
Pimenta calabresa seca
Azeite
Manjericão
200g de cogumelo
200ml de creme de leite fresco
Queijo minas curado ralado
50ml de cachaça
Modo de preparo:
Lavar a abóbora e as batatas, fatiar a abóbora e levar ao forno regada com azeite e sal, levar a batata ao forno também até ficar cozida, coberta com papel aluminio. Enquanto isso faça o molho: refogue o alho no azeite e coloque a linguiça esmigalhada sem a pele e sem a gordura, deixe fritar, logo depois coloque a cachaça e deixe flambar, acrescente os tomates, o manjericão e deixe apurar. Depois coloque a pimenta calabresa e o cogumelo, finalize com o creme de leite e misture ao nhoque, salpique o queijo minas ralado. Depois de cozida a moranga e a batata retire a casca e passe no espremedor, adicione o ovo, a manteiga e a farinha de trigo até o ponto de enrrolar. Coloque em uma panela água e deixe ferver, vá colocando as bolinhas de nhoque e quando elas subirem pode retirar e guarnecer com o molho.
Rendimento: 6 porções
Marcadores: Cozinha Italiana, Datas

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