domingo, 3 de janeiro de 2010
Salvem a Flor de Sal

Considerado o caviar do mundo marinho, a flor de sal é um dos tesouros da gastronomia francesa. Com grãos irregulares, textura crocante e sabor delicado, ele é um condimento especial para finalizar pratos, principalmente saladinhas, ainda pouco usado aqui no país.
Diz a lenda que a flor de sal começou a ser extraída pelos celtas no início da Era Cristã. Em tempos modernos, os franceses são os responsáveis pela disseminação --em restaurantes de alta gastronomia, vale ressaltar-- desses delicados cristais de textura crocante e sabor que lembra violeta.

A cidade francesa de Guérande, na Bretanha, é a origem do produto mais valorizado
internacionalmente, que leva seu nome. A flor de sal do Algarve, ao sul de Portugal, é outra muito apreciada. Naquele país, esse tipo de sal gourmet é conhecido também como nata, em analogia com a gordura do leite.
A Flor do sal é uma camada fina que se forma na superfície da maré salgada, durante a evaporação contínua.Este sal não sofre nenhuma transformação, além da secagem natural ao sol, que elimina o tom rosa.A flor do sal contém todos os 84 oligoelementos e micronutrientes encontrados no mar. Um nível adequado deste sal é muito importante para o bom funcionamento do nosso organismo.
Para uso humano, o sal precisa ser iônico e conter todos os minerais e oligoelementos na proporção correta para o plasma sangüíneo. O iodo orgânico, contido no sal marinho não refinado, oferece alguma proteção contra os efeitos nocivos da radiação.
A produção artesanal do produto justifica o preço mais elevado em relação ao sal comum. Para se ter uma idéia, a extração da flor de sal fica restrita a uma pequena área. É necessário cerca de 80 quilos de sal marinho bruto para produzir um quilo da iguaria.

Desde 2006, Mossoró (RN) entrou para o seleto rol de produtores. Lá, para cada 80 quilos de sal, um quilo de flor de sal é retirado da camada superficial das salinas, manualmente, com auxílio de um rodo específico.Lá a colheita é realizada nove meses por ano --com exceção do inverno, quando chove. Para que os cristais se formem, é necessário sol abundante e muito vento, além de terras salinas.
Diferentemente do que se faz com outros tipos de sal, a flor deve ser acrescentada na finalização dos pratos, já fora do fogo, para que sua textura crocante não se perca. Por ter sabor pungente, concentrado, deve ser usada com moderação em saladas, grelhados e massas.
O preço alto, além de apontar a raridade do tempero, ajuda a lembrar que é preciso
utilizá-lo com moderação. Composto principalmente de cloreto de sódio, pode elevar a
pressão arterial como o sal comum.

Acontece que a Anivsa, a Agênica Nacional de Vigilância Sanitária, proibiu a venda dos cristaizinhos por aqui. Isso porque na flor de sal não há adição de iodo, uma norma brasileira válida para o sal comum. A adição de iodo se tornou obrigatória no Brasil na década de 1970 quando a população do país andava carente do mineral.
Os especialistas garantem que a flor de sal já tem iodo suficiente na sua composição e que a adição de mais poderia, inclusive, sobrecarregar o organismo humano.
Creio então que é hora de nos unirmos e bradarmos: "SALVEM A FLOR DE SAL!"
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